18 outubro 2019

Os Amigos dos Músicos: Osaka

Osaka  é a primeira canción que fixemos xuntos Os Amigos dos Músicos. A letra é unha adaptación do poema de Carvalho Calero "A Orquestra Filarmónica de Osaka".
Podedes escoitala na súa bandcam: https://osamigosdosmusicos.bandcamp.com/track/osaka
sen tanta...interferencia




Ricardo Carvalho Calero (Ferrol, 1910 – Santiago de Compostela, 1990), escritor, historiador da literatura, crítico literario, lingüista e filólogo, foi escollido este ano polo pleno da Real Academia Galega como o persoeiro homenaxeado no Día das Letras Galegas 2020.

Letra do poema "A Orquestra Filarmónica de Osaka" do poemario Reticências:
 
A Orquestra Filarmónica de Osaka,
em Bratislava interpreta
a Sétima Sinfonía.
Ásia digere Europa. O pragmatismo
asume o romantismo. O eslavismo

acolhe o germanismo. O sinecismo
sob o teu signo reina.
Ti, sobre o branco touro, bela
dos grandes olhos, navegaste

nom só o Mar Nosso, até Creta; tamém
os Sete Mares, conquistadora
do antigo e o novo mundo, com exércitos,
com inventos, e máquinas, e ideias,

espargendo a tua força, a tua graça,
a tua moda, a tua ciencia, a tua
técnica. E ainda que conservem

alguns povos vestigios de seu, matam
coas tuas armas, amam
cos teus beijos, falam coas tuas palabras,

mais cada vez, cada vez mais, Europa.
O maestro de oblíquos olhos
dirige a tua música
vestido co teu fraque, e estreita
coa tua mao a mao
do primeiro violino.
Só podem superar-te
os que te reconhecem
como mai ou madrasta, os criados
aos teus peitos, os assovalhados
polos teus pés, emancipados ou

manumitidos. Para ser senhores
de si mesmos, tenhem que ter sido
filos ou servos teus, e ao rebelar-se

contra ti, corroboram-te e proferem
na língua tua a fórmula
da sua independencia.
E podem renegar
de ti, porque lhes deste
a consciencia de serem eles próprios;
porque ti os concebeste ou os calcaste
co teu selo de fogo,

como no curro
dos montes da Barbança os bravos poldros
de esgrêvias crinas, tardos de domar.

como no curro
dos montes da Barbança os bravos poldros
de esgrêvias crinas, tardos de domar.

Espalhada por cinco continentes,
vás como umha maré todo alagando.
Pagas o teu tributo aos que dominas.
Tem mais petróleo América; Japom,
mais cortesias e calculadoras.

Mas o mundo vai-se facendo Europa
enquanto Europa vai fazendo o mundo.

E o branco touro que me namorara,
polo espaço nadando chega à lua,
para desembarcar-te
en amorosas praias siderais,
onde génios, ou anjos,

ou deuses, a benvida che darám,
oh Europa dos redondos brancos peitos,

interpretando para ti os acordes
do final da Novena Sinfonia.

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